A macabra coleção de cabeças dos Guerreiros Maori
Vamos conhecer a perversa história do colecionador de cabeças dos guerreiros Maori. Foram catalogadas em torno de 35 rostos tatuados que fizeram parte da coleção pessoal do Major General Horatio Gordon Robley, que depois foram vendidas pra um museu em Nova Iorque. Mas primeiro vamos entender o que fez isso se tornar um hábito cruel e desumano mais uma vez levados pelo homem otário branco, pra tribos até então isoladas que viviam em paz entre si.
O Major-General foi um oficial do exército Britânico durante uma guerra na Nova Zelândia em 1860. Além disso, ele também era artista e tinha interesse por etnologia (incluindo aí arqueologia, entre outras vertentes), o cara fazia algumas ilustrações do que ele via em suas viagens pra documentar as coisas mais visualmente e não só pela escrita. E nisso o cara mandava bem, como a gente pode ver na ilustração abaixo feita por ele em uma das missões.
A legenda dessa ilustração segundo Robley:
“Guerreiro Maori barganhando por mais cabeças pra coleção”. Robley também era fascinado pela cultura das tatuagens, o que nesse caso a gente vai perceber que foi uma combinação nada saudável pras tribos Maori da época. Ele chegou a escrever um livro chamado “Maori Tattooing” que foi publicado em 1896.
Qual a fascinação de Horatio pelas cabeças Maori tatuadas?
As tattoos no rosto na cultura Maori são chamadas de Mokomokai, e os desenhos são como se fossem assinaturas oficiais dos guerreiros. Elas podiam conter a linhagem da família, feitos importantes, o status social do guerreiro na tribo e até mesmo servindo como uma carteira de identidade pra negociações de terrenos e coisas parecidas. (A tua tartaruga inspirada em tribal não quer dizer nada na cultura Maori, mas o que importa é seu coração acreditar).
Depois de algum tempo Horatio voltou ao seu país com uma coleção enorme de 35 cabeças tatuadas de guerreiros Maori no total. Em 1908 ele fez uma proposta de venda das cabeças pro Governo da Nova Zelândia, ele queria mil Libras por todas, e obviamente o Governo recusou a oferta.
O cara entra no país dos outros pra pegar cabeças de Maoris e depois pede dinheiro. Ahhhhh, a Europa! Sempre tão espertinha… Algum tempo depois ele fez a mesma oferta pro Museu de História Natural de Nova Iorque, com 5 cabeças a menos na coleção. Dessa vez ele conseguiu monetizar em cima da morte dos outros e embolsou 1.250 Libras.
Como as cabeças eram conservadas durante tanto tempo?
Geralmente somente os homens das tribos Maori tinham o rosto inteiro tatuados, as mulheres tinham os lábios e o queixo com as tatuagens. Quando as pessoas da tribo morriam, o cérebro e os olhos eram retirados, e todos os orifícios eram selados com fibra de linho e um tipo de cola. Depois disso eram fervidas ou cozidas no vapor e deixadas pra secar vários dias ao sol. Eles usavam óleo de tubarão pra ajudar na longevidade das cabeças, que eram guardadas pelas famílias em urnas, e usadas em momentos de rituais importantes.
Quando havia algum desentendimento entre as tribos, e as guerras eram inevitáveis, as cabeças dos líderes mortos também eram preservadas e colocadas na entrada das tribos, como se fosse um tipo de aviso e serviam como troféus. A devolução ou troca de cabeças Maori entre tribos que guerreavam, era considerado um ato de paz e tudo voltava ao normal entre eles. No começo do século 19, muitos negociadores e militares da Europa começaram a visitar a Nova Zelândia, prometendo armas pros guerreiros se defenderem, e adivinhem só o que eles pediam em troca das armas de fogo? Sim, mais cabeças Maori!
Assassinatos em massa para venda de cabeças Maori
Em pouco tempo todas as tribos queriam se “proteger” das outras, transformando assim um total de 11 anos de assassinatos brutais e guerras somente por conta de mais armas de fogo. As cabeças eram vendidas para curiosos, milionários excêntricos e até pra alguns Museus. Entre 1820 e 1831, com a alta demanda de pedidos por cabeças tatuadas, algumas tribos chegaram a tatuar cabeças de escravos e até mesmo de membros de outras tribos depois de mortos, fazendo essa época virar um banho de sangue em busca de armas. Eles costumavam usar desenhos que não tinham nenhum significado na tribo, somente pra se beneficiarem das ofertas.
As tribos pararam de se enfrentar somente por conta de armas, quando o mercado dos colecionadores saturou e eles perderam o interesse. Infelizmente isso faz parte da história da tatuagem, onde significados sagrados foram subvertidos a venda indiscriminada e predatória dos guerreiros Maori.
Fonte: Rare Historical Photos